segunda-feira, 1 de novembro de 2010

quebrou

Quebrou o colar que ficava bem com todas as roupas e seria aquele que nunca iria quebrar devido ao especial cuidado e atenção. Quebrou o brinco e também quebrou batom. Quebrou o barco de brinquedo da forma mais violenta que já se viu algo sendo quebrado. Antes quebrou paciência, depois proximidade. Quebrou a perna e abriu a cabeça. Junto quebrou a beleza de uma criança que dançava balé no centro da sala e a felicidade de encontrar uma foto que a mãe tanto procurava. Quebrou a distância a vergonha e o pudor. Quebrou o chuveiro, quase teve um curto circuito e naquele dia, naquela tarde nublada, pensamos em tomar banho de balde com a água do tanque, depois pensamos em aquecer a água do tanque no fogão e aí sim tomar banho de balde com a água do tanque aquecida no fogão. Quebrou o ar condicionado e mais aninda a mesma vontade de sempre de voltar pra casa. Essa quebrou muito antes. Quebrou copo no café da manhã, copo no almoço e copo no jantar. Quebrou a mesa de jantar. Quebrou o computador e a família toda. Quebrou algo que não tem nome e se perdeu. Parede. Quebrou parede e canos e rodapé e teto. O chão quebrou muito pouco. Quebrou o sofá da sala, o puxador, a maçaneta, a geladeira, o microondas, a torradeira, tudo de uma vez. Quebrou uma paz. Só uma, um dia. Quebrou qualquer respeito. Quebrou tolerância e depois intolerância. Quebrou a dieta e pior de tudo: quebrou o combinado. Quebrou o ziper da bolsa. Quebrou a cama. Quebrou o relógio, o despertador. Quebrou, só quebrou.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

pra tentar seguir

Estou "tristinha" para os outros, não para você.

Para mim e para você(para nós) estou desanimada, desmotivada e cansada, ando me sentindo até boicotada. Pior impossível, só posso ficar triste. Inevitável.

acumulou agora está transbordando tudo em mim e nos meus amores, nos meus afetos, nos meus ódios, nos meus medos. No que é meu, que é tudo aquilo que me resta quando me vejo sem você.

Estou cansada do seu silêncio, estou cansada das suas defesas armadas, estou cansada da sua tranca.

Não é porque não é necessário provar o amor que as juras e provas de amor devem ser deixadas de lado, guardadas, descartadas. Elas tem um papel fundamental para nossa ação cotidiana. Para que o nosso movimento seja vivência. Para nossas gestações.

Cansei de ser a pessoa que fala, a pessoa que procura, que aponta, que recicla. Cansei das suas respostas na necessidade de se manter alguma espécie de troca.

Fico chata, ficou chato.

não sabe como me dói reconhecer tudo isso e não quero acreditar que isso dure muito tempo. Como estou sem forças vou esperar pra ver.

Você me deixou sem forças quando devia estar fazendo justamente o contrário se tudo que foi dito é verdade.

Fiquei pensando mesmo o quanto isso era um problema da Isadora, mas acho que é um problema do humano. problema de limites, das paredes de nossa casa. As que construímos. Não posso me expor mais que isso.

Até poderia se estivéssemos juntos nessa. Ou se soubesse que você está usando isso para nós.

Não é um problema grande você me usar por exemplo, gosto que você me use. sei que seria algo de passagem, mais um movimento para nós.

O que não gosto mesmo é do descaso. E é isso que fica pra mim nesse momento.
O descaso não é passagem é estagnação, total. É uma espécie de fim. Não vislumbro.
Não me motivo, não me movo. Não te movo.

não me move.

Tive vergonha de chorar na sua frente, quis chorar mais ainda, mas precisei ir embora correndo. Encontrar alguém que pudesse me ajudar a segurar esse "nós" que venho segurando sozinho.

Desculpa, não queria falar isso, mas falar é fácil. Se ainda existe alguma espécie de nós. Preciso ver, saber. Pois foi isso que sempre me salvou quando o entorno me machucava. E agora ele me machuca muito, por várias questões que queria te falar....mas...

Voc~e é especial pra mim e acho que de alguma maneira isso já está claro para todos. Já chrei, gritei isso, gargalhei. Pra chegar onde estamos agora não foi fácil. Levantei nossa bandeira e continuo querendo levantar mas preciso me respeitar. Agora não dá mais. Se você for ficar assim vou ter que parar um pouco. Até ver em você, em suas ações perante o mundo que de fato eu sou especial também.

Sei que você não pensa que é fácil, mas não sei se você reconhece que só resolvi comprar o difícil porque era uma questão entre nós. Entre miúdos. Entre amores.

Me dói muito cada vez que olho para você e vejo que você não me vê. Que não se aproxima de tudo que sou, de tudo que faço, de tudo que.

Você está distante.
Espero que não fique insuportável tudo isso mesmo sem você. Estou sem você, sem seu corpo, sem suas lágrimas, seus sorrisos, sem suas ações.

sozinha na nossa casa que aos poucos vou vendo ser mais um espaço que os outros invadem em mim. Que bom, que bom que ele vai ser usado e vivido de alguma maneira.

queria você...
quero.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

resposta 1(para arrebatamento)

queridos,
olhando assim, de fora parece tudo um tanto pequeno, o que faz também parecer contraditório. Como pode, tão pequeno, porém tão difícil e necessário de ser destacado, lembrado, percebido, falado:
são pequenas catástrofes, pequenas obsessões, pequenas manias, pequenos prazeres, pequenas dores, pequenas ousadias, pequenos luxos, pequenas memórias e por aí vai.

Tudo isso que ganha a condição de pequeno quando observado através do macro da condição do mundo em que nos encontramos nos dias de hoje e passa então a parecer e aparecer como micro dentro de nosso ano, nossa semana, nossos dias cotidianos.

Parece que sempre vai passar. "Vai passar", o tempo tá aí pra isso não é mesmo!? Sendo contado por isso, mas o valor e o peso de tudo isso, que é micro e por isso, (aparentemente) fadado a condição de pequeno quando visto através de um recorte, de um pixel, de de uma história ou de um indivíduo-sublinhado e destacado de sua "instância" casa e de sua "árvore genealógica"- passa a ser reconhecido como grande e como parte fundamental da nossa condição de existência, de arrebatados que seguem.

Seguiremos ou não?
e se "sim", como?
Como somos arrebatados atualmente? Como fica? O que fica?


Como seguir, dando espaço para o novo, cuidando do que te cabe? Se voltando para o útero mas se reconhecendo também no descolamento, no momento em que nos vemos sozinhos, em que a missão de estar no mundo nos é dada. Como deixamos de ser sozinhos e como seres humanos, simplesmente passamos a nos ver rodeados de outros e então nos juntamos, nos aglomeramos, nos aceitamos, trocamos nossos movimentos que então se transformam, resignificam.

Agora sim, talvez possamos não falar mais de "pequenos" e "grandes", adultos e crianças. Não importa.

"O que fica é o que significa".

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010

alguma espécie de nós

é que é tudo isso, já não me importa mais, isso não faz mais de mim nem passado, nem futuro. Faz de mim o que sinto nesse exato momento, presente no movimento, um só contínuo. Sim, seu corpo faz do meu reação e ela explode um pouco mais de você. De vocês. Assim vou me desvencilhando e te amando, te descobrindo e me redescobrindo todas as vezes que o vento entra pela fresta da janela que esqueci aberta. Deixei, de propósito, sem te avisar, porque achei que não era preciso. A verdade é que se você sentir frio eu vou até você e vamos resolver isso de alguma forma. Não importa mais. Importa só o estar e o momento em que passo, transito entre você agarrado em lembranças indivisíveis.

deve haver alguma espécie de sentido, ou o que virá depois?

não importa. Importa o simples fato da sua existência, que vive em mim. É eu saber que vivo aí, em suas reações. Simples fatos delicados, como esses, talvez nos dêem um pouco desse sentido do qual nos perguntávamos. Sua pergunta não me calou no último suspiro. Por isso não posso evitar. Te abraço, te abraço para te encontrar e se te encontro me encontro.

Um dia quando sua pergunta me calou te amei, por isso segui entre tantas outras.
dói, mas afaga.

entre risos e lágrimas nos recompomos, saímos pela porta dos fundos e nos encontramos em algum outro lugar para (re)viver nosso amor talhado, entre tantos outros.

alguns, possíveis. Mas todos me fazem um pouco sua, é o que me faz pensar no depois, entre nós e entre outros.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

abraça-(me-te) 500.2

é o entre, o entre nós o entre eu e você. É o entre meu, onde me vejo agora, sozinha em você e isso me faz bem, me faz viva, me faz não lugar, não espaço, não passado, não futuro. Só o presente instante, a captura de nossos corpos. O momento, que antecede e que precede. Choro então, ali, nos seus braços, lágrimas de quem apenas está passando e precisa criar essa memória.

abraça-(me-te) 500.1

500, vamos começar, quantos quiser, espalhados por aí, em tantos outros, os nossos, os meus(que são seus) e os seus(que são meus). Precisamos disso, essa é a verdade mais sincera que temos. O abraço no qual nos encontramos, cotidianos, onde convergem as linhas de nossa trajetória. Trajetória construída nesse nosso rizoma cotidiano, aquele, que cria nossa cidade, nos faz parte dela e de algum outro viver, quando conseguimos nos descolar do caos, por um segundo. Pode ser no meio de um monte de gente, no parque de diversão, na montanha russa, no vaso de planta, em cima do banco do parque, no metrô, no supermercado, de noite ou de dia. É com você meu amor, onde ali, me sinto confortável, onde minhas dores ganham algum sentido e se acalmam quando preciso. Não são só seus braços, são os meus também, abrindo possibilidades para os encaixes de nossos corpos, podemos começar. Em novos arremedos e arrebatamentos. Fugas impossíveis. Só nós, só nossos corpos, na ação cotidiana de não nos determos nunca. Obrigada por esse momento. Abraço e beijos em seguida, Isadora.

de você

É essa situação do entre. O que não é nem deixa de ser e nisso tudo ainda carrega uma potência gigante, que talvez não saibamos como lidar mesmo. Não seria justo assumir. Dizer: "eu não sei lidar". Não sei, sei o que pode ser, o que dá, sei as últimas coisas que foram ditas e decido viver você assim mesmo, feliz, mas aí é outra coisa. Lógico que temos resquícios do momento que antecede, mas devem ser só resquícios, porque se não desgasta, suga mesmo. Agora eu quero poder colar nesse corpo que antecede podendo voltar a reconhecer as ações, gestos e movimentos, reconhecer da onde nascem. Um outro e novo onde. Precisa ser, precisamos reconhecer. Você não tomou aquela decisão que agora nos antecede? Agora precisa tomar uma nova meu bem. São sempre decisões e isso me dói profundamente, mas assim deve ser. Podemos também recomeçar o que foi. Vamos recomeçar, talvez seja isso, porque pra mim poderia. Talvez agora seja o novo momento de voltarmos aos movimentos antigos e retomá-los, um por um, precisamente. Ou não. O que me interessa é ter você aonde eu estiver, não vou julgar o meio agora, só estou querendo pensar nele e quero pensar porque sei que estou com você. E é você. Se fosse qualquer coisa não ligaria. Obrigada pela companhia, dá até vontade de vestir amarelo, mas não posso. Não tenho muitas coisas amarelas, pois é, nunca estive antes de amarelo, mas entendo a confusão, é que pode não parecer, mas estivemos muito pouco juntos mesmo. Agora chega, chega disso, vamos juntos. É melhor assim, não tem jeito. Assim consigo rir e chorar, falar do medo e criar a crise pra ter do que me lembrar depois. Próximo passo: contar um segredo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

um arremedo:

para falar sobre as árvores de plástico: para falar de você: do meu amor: para falar do que vejo: sobre o que sinto no meu corpo e só eu sei: sobre as flores coloridas artificialmente que foram esquecidas mortas no meu jardim: sobre a pedra que eu atirei no seu lago e esqueci de pedir desculpas: sobre a pedra que você tacou no meu lago e eu amei: sobre ter guardado: sobre ter esquecido: sobre o afogamento: para falar da nossa angústia e do ar que faltou: sobre a água: sobre o fim: sobre histórias tristes: sobre seu sorriso: sobre pequenas felicidades: sobre o cigarro: não ele me arde o peito, vou falar sobre: sobre o éter, o cloro o cloreto de sódio: sobre os números, ano de: 1989: 1939: 2010: século XXI: sobre o engano: desculpa: sobre o MEU amor de plástico: eu assumo: sobre a dificuldade: para falar do que explode: para falar do meu amor: sobre eu precisar chorar: agora: ontem: hoje: sobre: sobre relógios e horas: sobre não saber: está marcado: sobre termos desmarcado: para falar da agenda: da casa: sobre a maneira de chegar: aproximar: tocar: sobre o susto: para falar do metrô: sobre o supermercado: para falar de troca: para falar do medo, insuportável: para falar de nós dois, nós 4 se preferir: não tem problema: sobre a paciência: a impaciência: a quantidade: são muitas: sobre as informações: os livros e os cadernos: sobre o que perdi: sobre você ter perdido: sobre estar: junto: sobre o mesmo espaço: para falar do não lugar: sobre voltar: para falar de ir embora: sobre ficar: sobre se aproximar: para falar de se distanciar: para falar no depois: e doq ue veio antes: sobre a memória:

por agora

Dor no peito, é inevitável fugir disso agora, nesse momento. Agora é quando não dá mais pra dar desculpas, tentar sair de fininho, pela porta dos fundos, nem se fazer de arrependido e pedir desculpas como se fosse curar tudo. Agora é a hora que o corpo dói mesmo, dói tudo, é impressionante, né!? Como dá pra sentir tudo isso que tá aqui, no papel, escrito na minha frente, diante dos meus olhos, como salta deles e passa pelo corpo. Eu sinto, em mim, tudo isso que tá sendo falado, em cada palavra, cada associação de gestos, cada indicação de cada rubrica. Tem alguma coisa que me prende em você e é impossível sair. Eu, você, você e eu, tudo junto e misturado, em um movimento que vem de fora pra dentro e de dentro pra fora, é externo e interno. Me sinto frágil, cada vez mais, insegura. É inevitável. Me sinto impotente e nisso sinto uma enorme potência, que ultrapassa até minha consciência, por isso o medo do abismo no qual agora me vejo. Parece que não cabe sabe. Talvez por isso a necessidade de saber logo que vou ter com quem dividir isso tudo. Mas como, como tirar pedaços disso que agora se faz tão meu. Ai que vontade de chorar uma angústia sem tamanho, que me lembra até da falta de ar que sentimos, aquela. Mas agora é hora de ficar sozinha, preciso me lembrar disso, preciso lembrar disso meu amor. Eu sei. Vou me agarrar em outras mentiras, outros simulacros, me misturar entre vídeos, músicas, textos, estudos que não me pertencem e fazer disso meu, nesse meu novo velho ser e estar. Ter que dar conta. São tantos arremedos que me confundo, crio uma guerra e depois preciso arrumar meu jeito de sair dela. Espero que entendam e tenham paciência. Vou estar com vocês em breve, aguardo ansiosamente esse momento.

sábado, 22 de maio de 2010

sobre o que não sabemos

É que desobstrui sabe!? Os sistemas, a pele, os poros, as vias, as veias. Então fica assim, roxo, sangrando, deslocado, inchado com facilidade. E é maravilhoso, feito os corações picotadinhos que são seus. Meu corpo (irmão), meu corpo é minha cenografia, meu palco, não dá pra fugir disso se não não dá, então vai. Como ela falou...queria falar mais, queria me lembrar mais, te lembrar, sobre o cuidado. Pra não dar nisso. Tem que sangrar junto, tem que dar tempo, abrir os espaços, pensar nas catástrofes, em alguém que perdeu o um membro e junto a própria noção de tempo e espaço, um horror, mas aí tem o que virá depois, então partimos pra ação, sem medo, sem vergonhas e agora podemos perceber. Você percebeu hoje que não é um super-herói né!? Não tem problema, não é essa a questão, o super-homem é só uma imagem, ali, em segundo plano, sobrepondo. Vamos sobrepor então tudo isso que tá sangrando aí, e criar mais uma camada, mais um amor, dar mais força. Agora é o que precisamos.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

como

Eu não estou muito bem, que mentira. Se é que alguém pode de fato estar muito bem. Acho que isso não existe. Não sei, que besteira. O fato é que não, não estou muito bem. Você virou parte de minha angústia de hoje. E ela está em mim, por completo, mas agora parece que eu sinto ela de fora, de cima, pelos lados. Observando de um lugar que reconheço, que me reconheço. É só angústia, e por incrível que pareça, leve. Bem mais leve, e assim, olhando de fora, pelas beiradas percebo que vou me desviciando, me desvencilhando e me vendo, voltado pra mim, pra música alta no fone de ouvido, o vento frio passando pelo rosto e jogando meu cabelo na cara, a mulher passando de mãos dadas com a criança e meu cachecol, amontoado em meio a mochila, livros, guarda chuva e garrafa de água. É que agora parece que você virou uma coisa concreta, deve ser a angústia, é o que sinto. Nossa, que horror, será que é isso mesmo, virou angústia, você!? Não me agrada nem um pouco essa idéia, tô escrevendo pra não ficar pensando muito sobre isso, pra não deixar evoluir pra outros lugares ruins. Nessa angústia pelo menos eu me reconheço, me vejo, me sinto. Pra que? Deixar em lugares ruins? Deixar cair neles, chegar neles, ficar neles? Isso sim, isso tá distante de mim, apesar de achar normal o fato de não estar muito bem. Mas ai sou eu comigo mesma. "E é meu corpo atravessado que se povoa", me povoa, como diz o texto aqui do lado.

virou angústia? Espero que não, espero que seja só um sintoma mesmo. Eu comigo mesma.

vamos ver. Ver no sentido mais amplo: ver, sentir, observar(nessa ordem).

vou dormir e acordar, só isso. Simples, como pode ser.

terça-feira, 18 de maio de 2010

pra eu conseguir enxergar seus olhos bonitos:

pára só um pouquinho de me puxar pra perto de você e vem andando na minha direção...

para os meninos e as meninas de hoje:



Rineke Dijkstra


Rineke Dijkstra

domingo, 16 de maio de 2010

tempo e espaço

Alguma hora as coisas teriam que fazer mais sentido, se não ficaria impossível, insuportável. É claro, por isso que tinha alguma coisa errada. Ouvi um dia desses falarem que somos muito parecidos, engraçado que eu, apesar de entender não via muito sentido nisso. Lógico. Sim, eu falei o tempo todo sobre a inocência, com tanta inocência que nem me dei conta. Descobri que é através dela que consigo enxergar vida em minhas vivência. Nos primeiros olhares, naquilo que é genuíno. Mas não nos encontramos no mesmo lugar de vida, o problema foi esse...sabia que tinha alguma coisa estranha! Uma sensação de que aquilo, de que a minha maneira de olhar, a minha inocência, não estavam sendo tocadas, não havia um movimento recíproco, mas ok. Tudo bem, as pessoas são diferentes mesmo. Mas se não havia inocência em você o mínimo que podia ter era admiração pela minha, pelo que existia em mim, comigo e que eu estava ali, dividindo com todo amor, dividindo aquilo que eu acredito, dividindo aquilo que ia me fazer ver vida em nós, aquilo que daria espaço pro que é genuíno, mas não encontrei nem a admiração. Nossa só ontem percebi o quanto demorei e tive que esperar pra ouvir você falar pra mim sobre mim, e eu fiquei ali, falando falando falando, de você, pra você, de todas as maneiras, com toda inocência que eu podia achar em mim naquele momento. Sincero. Não quero mais esperar, não daquele jeito, agora quem espera é meu corpo, mas corpo é matéria, matéria que vai se desfazendo pra você nessa espera. Lógico que algo além pode ser resgatado desse corpo, mas vamos ver até onde ele vai durar pra você. Esse corpo tem muitas memórias que você não conhece e marcas, cortes, deslocamentos e descobertas cotidianas que você não acompanhou e não acompanha. Bom, enquanto isso ele vai se alimentando de outros.
O que era, inveja? Inveja da minha inocência. Não tem problema. Talvez tenha problema pra você, que perdeu nisso a beleza de tudo. Acho que você devia mesmo tentar olhar as coisas com mais beleza. Não estou pedindo pra você ter uma coisa que você não tem, é só pra você brincar, colorir, rearrumar os móveis, dançar, usar uma droga, fazer uma loucura. Você faz!? Mostra isso pra mim. Eu topo. Nisso, isso.
Tô rindo de mim mesma, talvez eu esteja brincando demais, brincando com algo mais sério, que talvez não tenha jeito mesmo, talvez eu tenha que cair fora de vez, mas vou insistir mais um pouquinho e dar permissão pra essa pulsão que ainda sinto aqui.
Estava com saudades.
Levando na brincadeira está mais fácil e por isso está. Mesmo que eu leve na brincadeira sozinha(que pena), pelo menos vou me divertir e tenho muitas pessoas pra dividir o riso mesmo. Está mais leve, estou bem, estou muito bem.
É por isso que não tinha você do meu lado.
impressionaste, né!? Como demorei pra enxergar, acho que é porque tudo isso está tão distante de mim, do que eu acredito, que fica difícil perceber mesmo.
Distante de mim e de você. Olha, escuta, quando falei que você devia se voltar pra você mesmo, pensar mais em você, não estava falando sobre prioridades, ou algo do tipo. Você não entendeu, ai deu aquela resposta: "eu já sou egoísta demais", algo assim...bobagem.
Eu estava falando de algo um pouco mais íntimo, mais físico, sobre a pele, sobre as células, os sistemas, sanguíneo, respiratório, digestivo, sobre o sexo,...estava falando de você estar, ficar mais próximo de você mesmo. É que pra mim você não está só distante de mim, mas de você. Aí você ia ver que as vezes, quando entendemos o que a vida fez com a gente, quem somos, e do que somos feitos, a matéria, percebemos que dá pra amar assim mesmo, permitimos o gozo, sem medo. Se nos assumirmos, sem apontar tanto para os outros, os outros que passaram por nós, aí podemos admirar o outro que está aqui, agora, com suas inocências, o genuíno que falei antes, do nosso jeito, sem precisar sugar tanto assim em abraços longos...
porque agora isso não vai ser só do outro mas meu também, porque eu me permiti, como sou, sentir algo no mesmo tom e em relação ao que estão me oferecendo, dando respostas, criando espaços, trocas.
As vezes abraços são importantes, mas eles precisam ser desdobrados em outras ações, onde nossas pulsões podem ser vivenciadas com mais intensidade.
Vamos juntos, começar, ou recomeçar, por coisas, ações simples, pra abrir espaço seja lá pro que for. Podemos ler seu caderno juntos. Ação número 1. Ou não.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

o não lugar, aquele


fotógrafo: DenisDarzacq
Falando sobre o não lugar pensamos no que virá depois. Em lágrimas nos olhos, em sorrisos estampados, na sutileza. No simples, naquilo que está em processo, no meio, no momento ideal, aquele no qual não é possível visualizar mais nem o inicio nem o fim, como a vertigem, se é que podemos falar assim. Estamos no lugar prévio da epifania. Não sabemos se vamos chegar nela, afinal não sabemos pra onde vamos, mas o não lugar, como lugar de passagem é obrigatório para o momento da Epifánico que iremos vivenciar. Vivência, pensamos nela, lógico. Pensamos então em pulsão e eu lembro que viver é passar por pulsões que sustentam ou não as coisas. Podemos então, falar em suspensão. E isso me faz pensar no choque. Na incompreensão, ou talvez onde isso não importe, compreender ou não compreender. O que importava naqueles dias era ser sustentada, por necessidades básicas do ser humano e nesse ponto podemos ir mais a fundo e pensar em moléculas, no gozo, na retina, em dilatação, pulsão corporal, nos sistemas, sanguíneo, respiratório, digestivo. E ai, no final de tudo nos damos conta de que somos seres humanos, só isso. Aí voltamos ao simples pronto para se tornar complexo, pra mim ou pro outro, quando unimos dois, quando falamos em encontro e troca e isso, isso me faz lembrar do teatro, assim, rapidinho, pra não incomodar ninguém. Então, voltando ao simples, penso na afetividade, falando sobre o não lugar. Afeto: "Estado emocional ligado à realização de uma pulsão que, reprimida, transforma-se em angústia ou leva a manifestação neurótica". Eu penso em mim, eu me sinto agora voltando pra mim. E isso me faz sentir que estou viva, em um movimento rizomático, repleto de trajetórias cotidianas, como ele me falou. Penso então nas pedras no meio do caminho, quantas você quiser. Vou achando elas e criando meus não lugares, abrindo espaços, dilatando a retina e me vendo sem destino e sem origem. Só eu e tudo que está a minha volta, tudo que tenho afeto fazendo parte de mim como vivência, como pulsão, gerando choque e suspensão. E ai chegamos a um estado, simples, humano. Assim.

terça-feira, 27 de abril de 2010

No meu teatro ideal...

No meu teatro ideal a gente ia estar sempre se amando, mas ia ter discussão, beijinhos, abraços e carinhos sem ter fim. A gente ia suar muito, ia treinar mais. Nossas roupas iam ficar encharcadas. As pessoas iam se olhar nos olhos e ia ter sempre alguém filmando. As pessoas iam poder dançar e ficar tocando instrumentos. Ar condicionado, cortina vermelha, luzinha para os velhinhos não caírem, poltronas acolchoadas, almofadas, tapetes. No meu teatro ideal o espaço não ia ser totalmente fixo, ia poder se renovar e transformar. Os ambientes iam poder diminuir ou aumentar de tamanho e mudar de lugar. Ia ter uma floresta, um cachorro. Algumas crianças. No meu teatro ideal a gente estaria sempre em processo, sempre em processo, em processo, em processo. Eu e as pessoas com quem eu estivesse de mãos dadas na hora de ir. Quando elas estivessem muito suadas elas iam começar a se olhar. Ia ter elas e eles. No meu teatro ideal todos os meus amigos iam poder trabalhar. Ia ter um banheiro bem limpinho, cozinha, comidas gostosas e saudáveis(almoço todos os dias para almoços junto, porque as pessoas precisam se alimentar), café, muito café, chá e chocolate. Ia ter sempre alguém de rosa ou azul, o chão ia ser de madeira e a gente ia poder descansar um pouquinho, tenho certeza disso

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O dia em que a saudade retorceu o coração e nenhuma memória foi agarrada

O olhar ficou mais feio de sexta pra hoje. ESTOU EM PÂNICO.

estou em pânico com isso, como assim!? A paisagem que olhei hoje é a mesma que olho a 20 anos, não é possível!!

Cheguei, parei e observei como de costume, e a paisagem realmente estava mais feia, muito mais. Nos últimos 5 meses, apesar de tudo, ela estava muito muito mais bonita, de uma maneira que nunca tinha visto antes. E isso era o melhor de tudo!! Estar diferente...

Mas agora ela está FEIA! Meu Deus, ela está igual como era antes. Só que agora além de ser cotidiana ainda é feia porque tinha me acostumado com a beleza.

Juro, estou com medo, preciso de uma mão pra segurar pra conseguir passar de novo por ali.

que horror!

Ela está horrível. Essa situação é horrorosa. Espero que seja necessário, espero mesmo. Se não tiver nenhum sentido e não vier nada depois não sei, sou capaz de me suicidar!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

é que você não me beijou

O PROBLEMA É QUE VOCÊ NÃO ME BEIJOU!

e tudo que eu tenho pra te dar tá antes no meu corpo, mas só vale se você souber o que é meu corpo PRA VOCÊ e pra você é beijo, é sexo e tudo mais que construimos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

pra lembrar de não complicar

enquanto você se desculpa eu me decepciono porque por um segundo pensei que ia ganhar um movimento seu depois, alguma hora pela falta de ação desculpada.

só toma cuidado pra não banalizar a desculpa e não assumir mais suas decisões, por que aí, depois quando você precisar pedir desculpas DE VERDADE, por alguma coisa mais séria talvez eu não escute mais.

olhos? Servem pra ser olhados

estou bem, mas tenho me sentido um pouco morta. Não dá pra ter tudo não é verdade!? Os coelhos são arrancados da gente e criam buracos, buracos são buracos, mas sabemos lidar com eles. Lidamos com doenças mais sérias, catástrofes, mortes, nascimentos. O coelho não está mais aqui. Achei violento, não queria usar essa palavra, mas foi numa forma de me permitir exorcizar o buraco, cantar pra subir, já dizia minha mãe. Mas avisei pra ela que verdades absolutas são mentiras. Quem falou que eu precisava saber sua cor preferida antes?
antes de que?
antes da responsabilidade?
deixa eu viver isso, você deixou e depois tirou de mim como se eu não fosse responsável pelas minhas escolhas e SE TE PERMITI DIVIDIR ELAS COMIGO você também passa a ser responsável por elas e por mim.
que irresponsabilidade a sua! Não deixar que o tempo me mostre que eu devia saber antes sua cor preferida?
você rompeu o tempo, rompeu com o ritmo que você mesmo estabeleceu com todas as suas crises e problemas maiores que nós e esqueceu d eme avisar. Mais um combinado jogado pelo ralo.
tinha escolhido ser convencida pelo tempo. Mas você arrancou ele de mim antes. Nossa, já não foi fácil, e você ainda arranca de mim assim? Eu devia saber dessa possibilidade, mas é que ele era tão bonito, mas TÃO bonito que não pensei que alguém ia ter essa coragem.
coragem?
ela passou por nós? em qual momento? eu não vi!
me mostra? Por que você não deixa as coisas chegarem em mim? Tá com medo? Me fala, deixa ele chegar em mim, eu já não falei que não preciso saber antes sua cor preferida.

Já podemos falar sobre os coelhos.

Eu te falei aquele dia, que eu precisava que você me contasse tudo que você sentia que precisava me contar.

uhmmm...talvez você não ache isso tão necessário de se falar assim. Alguém já te falou que algumas decisões afetam os outros? Já ouviu falar sobre outros? Bom, pensa no número 2, agora pensa em pessoas, elas latejam, falam, escutam e querem ser escutadas, mas cada uma a sua maneira. Pra somar e virar 2 cada 1 precisa estar sensível para penetrar na maneira do outro. É as vezes não dá, mas aí vamos ver o que fazemos, já vamos ser 2 e 2 pensa melhor que 1.
não é verdade?

olhos? Servem pra ser olhados(antes de servirem para olhar)

relação pressupõe troca.

eu pressuponho você

1+1 pressupõe 2

outono pressupõe pétalas caídas ou inverno que pressupõe frio,

que me lembra que não quero passar frio sozinha, que me lembra que você talvez tenha se esquecido disso ou nem sabia, que pressupõe...

não sei, na verdade me falaram tudo isso. Me fala você?

aí talvez eu saiba.
Hoje choveu muito, queria ter sustentado alguma coisa na chuva, ia me sentir mais viva.

não me deixa morrer. não me esquece aqui entre todas essas verdades que o dia que você lembrar pode achar que tudo foi mentira e isso pode doer, depois não vai dizer que eu não avisei que seria melhor mexer com coisas concretas.

ações?

lembra de falar, lembra de ligar, de atender a ligação, lembra de tocar, lembra de olhar, lembra de rir, de chorar, lembra de mais coisas que se fazem pelo outro(preciso falar?), lembra das meninas, lembra de me lembrar que sabe que eu ainda vivo...

isso vai me permitir seguir seja lá com o que você colocar nas minhas mãos.

pelo menos não há mortes, só buracos, mas esses vamos colecionando por ai mesmo. Ah, ainda tem as decepções, pois é, essas se continuarem vão causar alguma consequência. Espero que não seja a morte também...

vou seguir e quem sabe um dia eu não volto vestida com sua cor preferida. Espero então que você não tenha esquecido de olhar pra você de volta, com o mesmo amor(desculpa por falar de amor) e a mesma sensibilidade que eu olhei seus olhos e portanto não tenha deixado de se permitir ou tenha acumulado decepções, nem com você mesmo nem com ninguém, se não corro o risco de te encontrar MORTO.

corro.

sobre frustrações? Não vamos falar delas agora, a morte que elas causam é mais súbita.

quarta-feira, 31 de março de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

exercitando a matriz dramática:

"se meu corpo fosse um teatro"...os pêlos andariam mais arrepiados e você poderia se sentir mais a vontade para encostar suas coxas nas minhas. Nelas estariam nossos dias mais loucos, os dias que nos jogamos sem medo. Minha bacia seria o chão, porque é dele que sai nossa energia e é por ele que ela volta. Nela ficamos conectados, mas ela não é garantia de equilíbrio nem de desequilíbrio. Podemos cair a qualquer momento e meus braços seriam as cortinas que nos dão a verdadeira noção do espaço que estamos, que nos acalmam e nos aquecem. Com elas podemos ter algum equilíbrio. Minhas mãos seriam a porta de entrada. Meus pés seriam a porta de saída. meu pescoço as cadeiras, eles sustentam uma visão privilegiada. Minhas unhas seriam os espaços externos. Meu rosto o café e meu cabelo, junto com meu sexo pra onde vamos depois?

quarta-feira, 24 de março de 2010

EU NÃO QUERIA

Eu queria que você me respondesse.

Ai poderíamos pensar em planos futuros sejam eles quais forem.

enquanto isso meu cavalo vai continuar na sua porta e você sem poder se mexer.

triste final esse.

segunda-feira, 15 de março de 2010

para Estela:

Se você quiser descanso eu seguro um pouco seu coração pra você e você pode dormir em paz

quarta-feira, 10 de março de 2010

"Eu trouxe essas coisas aqui..."

Eu trouxe essas coisas aqui pra gente ver se pode se amar. Eu trouxe essas coisas aqui pra saber se você me aceita, mesmo assim. Pra saber se eu posso te ajudar, fazer o que for necessário, dar uma forcinha, com essas coisas aqui. É tudo que eu tenho, mas acredito que podemos fazer mais. Eu trouxe ESSAS coisas aqui pra dormir com você hoje, eu trouxe esas coisas aqui pra ver se vejo um sorriso seu. Eu trouxe essas coisas aqui porque. Porque a gente precisa começar de algum lugar. Eu trouxe essas coisas aqui porque eu acho que elas podem fazer você se sentir melhor. Eu trouxe essas coisas aqui porque só temos o dia de hoje, mas quem sabe não continuamos por mais alguns anos. Eu trouxe essa aqui porque acredito que você vai cuidar bem delas se eu morrer amanhã. Eu troxe essas coisas aqui pra gente matar a fome. Pra gente fazer um jantar a luz de velas!!! Pra gente lembrar da infância, tá!? Pra gente aguentar o inverno. Eu trouxe essas coisas aqui pra você.....pra você ter, ter alguma coisa. Pra você falar que me ama! Pra gente poder correr na chuva! Trouxe essas coisas aqui pra gente criar um plano malígno contra o mundo e rir depois. Eu trouxe essas coisas aqui pra gente ir pra praia! Bom Dia! Eu trouxe essas coisas aqui pra gente poder pirar essa noite. Eu trouxe essas coisas aqui adivinha pra quê!? Eu trouxe essas coissa aqui pensando que um dia a gente ia ser mais feliz. Eu trouxe essas coisas aqui porque você precisa se alimentar bem e eu fico preocupado. Eu trouxe essas coisasa qui pra gente discutir, estudar e sair daqui um pouco melhor do que quando a gente chegou. Ah, eu trouxe essas coisas aqui pra ver se a gente sai um pouco melhor do que quando a gente chegou. Eu trouxe essas coisas aqui pra gente aguentar ficar aqui por muito tempo. Eu trouxe essa coisas aqui pra você não precisar mais se preocupar. Pra eu não precisar mais me preocupar. Com isso. Com a gente. Com toda essa situação, que não existe. Eu trouxe essas coisas aqui pra ver se a gente faz a coisa existir. Eu trouxe essas coisas aqui pra ver se dá pra sermos mais concretos nisso tudo.

"O meu teatro ideal..."

seria só meu. mentira, seria de um montão de gente. Meu teatro ideal seria ideal pra passar o dia, teria muito espaço, teria um café, muitos café, mas nada teria lugar fixo, lugar certo, tudo poderia ser transferido, reconfigurado, reafirmado, reproduzido, reinventado e repintado. Teria café, teria comida, teria almoço, porque as pessoas precisam comer. Tudo com preços justos. Teria patrocinadores que poderiam usufruir do teatro também. Eles iriam almoçar lá sempre, todos os dias. Todos os dias todos almoçaríamos juntos. Teria cortinas, cadeiras, almofadas, muitas roupas, figurinos, objetos, canecas, cenários, espaços para guardar tudo isso. Meu teatro ideal teria memória, muitos quadros, cartazes, fotos nas paredes, do teatro que passou, do mundo, pra ninguém esquecer de onde viemos. Muita memória. Muitas lembranças. Teria 1 banheiro bem limpinho. Chuveiro. Pia, fogão, chão, muito chão e varanda. Teria árvore, 1 árvore só que é pras pessoas darem mais valor pra ela. Meu teatro ideal não ia acabar na porta, ia continuar um tanto do lado de fora. Ia ter um espaço onde as pessoas pudessem apresentar coisas, o que quiserem. Espaço pra ter movimento. Teria cerveja. Teria café. Bolo de chocolate. Jujuba.

segunda-feira, 8 de março de 2010

é que

tudo que vem de você mesmo aquilo que você joga fora, pra mim, significa vida

o que

fazemos com
isso?

segunda-feira, 1 de março de 2010

violenta

muita fita pra pouco café, muito texto pra pouca vivência, muito cigarro pra pouco pulmão, muito pulmão pra pouco ar, muito amor pra pouco coração, muita vontade pra pouco tempo, muita rede pra pouca comunicação, muita convivência pra pouco contato, muito banco pra pouco dinheiro, muita música pra pouca dança, muito sexo pra pouco espaço, muita disposição pra pouca escuta, muita liberdade pra pouca disponibilidade, muito calor pra pouco ar condicionado, muita flor pra poucos olhos, muito mar pra pouco peixe, muito sol pra pouca praia, muito quadro pra pouca parede, muito livro pra pouca mesa, muita comida pra pouca fome, muita palavra pra pouca atitude, muito entendimento pra pouca concretude, muito desequilíbrio pra pouco apoio, muito peso pra pouco carinho, muito horário pra pouca agenda, muita pia pra pouca louça, muita saudade pra pouca distância, muita tempestade pra pouco copo, muita dor pra pouco peito, muito bar pra pouca conversa, muita pauta pra pouca reunião, muita história pra pouca memória, muito pouco pra muito...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

talvez

...não é fácil ter 20 anos, já sabemos disso, talvez porque esse seja o momento de entender o que é se permitir viver ao mesmo tempo em que temos que perseguir nossas responsabilidades que só tendem a crescer e no meio disso tudo e de uma data marcada você me escutou apesar de todos os desencontros, enganos, falhas, deslizes e tudo mais o que perseguimos, sem perceber, até o momento que conseguimos falar a verdade. Foi difícil, doeu e vai doer. Eu falei pra mim mesma sussurrando quando estávamos ali, nos permitindo aquelas algumas horas que restavam com o toque, peso, o suor na pele, o arrepio, a respiração que se perde na outra e todas aquelas coisas que nos faz lembrar de alguma maneira que estamos vivos apesar do corpo cansado de um carnaval. Você ouviu, como se eu estivesse falando no seu ouvido "isso é o que importa pra mim, mesmo que dure pouco" e ainda me respondeu com um beijo. Obrigada por isso, pela confiança, pela escuta, pelo beijo. Vamos falar baixinho verdades e mentiras que são nossas. Fugindo do que virá depois. Vamos? Eu sei, sei que vai doer mais tarde, uma dor pela qual temos total responsabilidade, consequencia de nossa fuga, culpa de nossas verdades e mentiras. Não sei bem se fugimos de fato, pensando melhor acho que fomos até entregues demais a nossa verdade e talvez seja justamente nossa verdade que nos permita fugir de um mundo que já conhecemos. Que bom. Então não se preocupe, se você tirou as estrelas do meu rosto elas agora foram parar nos meus olhos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

eu não tenho medo, eu te avisei

agora estou aos seus pés, tentando te escalar. Eu te avisei, isso é um problema pra mim e pra você. A sorte está lançada. Eu vou continuar te escalando e se você não fizer nada não sei onde vamos parar. Me segura! Ou então me pára, quer dizer, ou me segura. Me segura! Me segura que eu paro, mesmo que isso doa eu vou te respeitar ou me segura pra eu não cair e continuar em você, tentando dar algum sentido pra minha vontade, sei que é coisa de menina, mas essa escolha foi sua, agora aguenta. Eu avisei isso é um problema pra mim e pra você. Agora estou sobre seus ombros, tentando te escalar. Me segura! Eu posso cair e morrer e você pode se sentir culpado por isso. Eu avisei. Vou continuar em você, tentando dar algum sentido pro meu corpo. É necessário, já é necessário pra mim e pra você. É necessário pra nós. Que bom, melhor assim. Eu vou continuar, até que nossas forças se esgotem. Aí talvez eu caia e nesse momento não caberei mais nos seus braços, assim como você e nunca coube nos meus, então vamos embora. Eu te avisei, vou morrer, mas já sabíamos. Seguimos então. Podemos recomeçar?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dóris,

escrever é como atuar, ou seja, é necessário repetir a forma para atingir algo satisfatório. Quando escrevemos, revelamos ao mundo, e a nós mesmos, quem somos e o que sentimos...

Caio Riscado.

Buenos Aires,
20/01/10