quarta-feira, 30 de junho de 2010

alguma espécie de nós

é que é tudo isso, já não me importa mais, isso não faz mais de mim nem passado, nem futuro. Faz de mim o que sinto nesse exato momento, presente no movimento, um só contínuo. Sim, seu corpo faz do meu reação e ela explode um pouco mais de você. De vocês. Assim vou me desvencilhando e te amando, te descobrindo e me redescobrindo todas as vezes que o vento entra pela fresta da janela que esqueci aberta. Deixei, de propósito, sem te avisar, porque achei que não era preciso. A verdade é que se você sentir frio eu vou até você e vamos resolver isso de alguma forma. Não importa mais. Importa só o estar e o momento em que passo, transito entre você agarrado em lembranças indivisíveis.

deve haver alguma espécie de sentido, ou o que virá depois?

não importa. Importa o simples fato da sua existência, que vive em mim. É eu saber que vivo aí, em suas reações. Simples fatos delicados, como esses, talvez nos dêem um pouco desse sentido do qual nos perguntávamos. Sua pergunta não me calou no último suspiro. Por isso não posso evitar. Te abraço, te abraço para te encontrar e se te encontro me encontro.

Um dia quando sua pergunta me calou te amei, por isso segui entre tantas outras.
dói, mas afaga.

entre risos e lágrimas nos recompomos, saímos pela porta dos fundos e nos encontramos em algum outro lugar para (re)viver nosso amor talhado, entre tantos outros.

alguns, possíveis. Mas todos me fazem um pouco sua, é o que me faz pensar no depois, entre nós e entre outros.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

abraça-(me-te) 500.2

é o entre, o entre nós o entre eu e você. É o entre meu, onde me vejo agora, sozinha em você e isso me faz bem, me faz viva, me faz não lugar, não espaço, não passado, não futuro. Só o presente instante, a captura de nossos corpos. O momento, que antecede e que precede. Choro então, ali, nos seus braços, lágrimas de quem apenas está passando e precisa criar essa memória.

abraça-(me-te) 500.1

500, vamos começar, quantos quiser, espalhados por aí, em tantos outros, os nossos, os meus(que são seus) e os seus(que são meus). Precisamos disso, essa é a verdade mais sincera que temos. O abraço no qual nos encontramos, cotidianos, onde convergem as linhas de nossa trajetória. Trajetória construída nesse nosso rizoma cotidiano, aquele, que cria nossa cidade, nos faz parte dela e de algum outro viver, quando conseguimos nos descolar do caos, por um segundo. Pode ser no meio de um monte de gente, no parque de diversão, na montanha russa, no vaso de planta, em cima do banco do parque, no metrô, no supermercado, de noite ou de dia. É com você meu amor, onde ali, me sinto confortável, onde minhas dores ganham algum sentido e se acalmam quando preciso. Não são só seus braços, são os meus também, abrindo possibilidades para os encaixes de nossos corpos, podemos começar. Em novos arremedos e arrebatamentos. Fugas impossíveis. Só nós, só nossos corpos, na ação cotidiana de não nos determos nunca. Obrigada por esse momento. Abraço e beijos em seguida, Isadora.

de você

É essa situação do entre. O que não é nem deixa de ser e nisso tudo ainda carrega uma potência gigante, que talvez não saibamos como lidar mesmo. Não seria justo assumir. Dizer: "eu não sei lidar". Não sei, sei o que pode ser, o que dá, sei as últimas coisas que foram ditas e decido viver você assim mesmo, feliz, mas aí é outra coisa. Lógico que temos resquícios do momento que antecede, mas devem ser só resquícios, porque se não desgasta, suga mesmo. Agora eu quero poder colar nesse corpo que antecede podendo voltar a reconhecer as ações, gestos e movimentos, reconhecer da onde nascem. Um outro e novo onde. Precisa ser, precisamos reconhecer. Você não tomou aquela decisão que agora nos antecede? Agora precisa tomar uma nova meu bem. São sempre decisões e isso me dói profundamente, mas assim deve ser. Podemos também recomeçar o que foi. Vamos recomeçar, talvez seja isso, porque pra mim poderia. Talvez agora seja o novo momento de voltarmos aos movimentos antigos e retomá-los, um por um, precisamente. Ou não. O que me interessa é ter você aonde eu estiver, não vou julgar o meio agora, só estou querendo pensar nele e quero pensar porque sei que estou com você. E é você. Se fosse qualquer coisa não ligaria. Obrigada pela companhia, dá até vontade de vestir amarelo, mas não posso. Não tenho muitas coisas amarelas, pois é, nunca estive antes de amarelo, mas entendo a confusão, é que pode não parecer, mas estivemos muito pouco juntos mesmo. Agora chega, chega disso, vamos juntos. É melhor assim, não tem jeito. Assim consigo rir e chorar, falar do medo e criar a crise pra ter do que me lembrar depois. Próximo passo: contar um segredo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

um arremedo:

para falar sobre as árvores de plástico: para falar de você: do meu amor: para falar do que vejo: sobre o que sinto no meu corpo e só eu sei: sobre as flores coloridas artificialmente que foram esquecidas mortas no meu jardim: sobre a pedra que eu atirei no seu lago e esqueci de pedir desculpas: sobre a pedra que você tacou no meu lago e eu amei: sobre ter guardado: sobre ter esquecido: sobre o afogamento: para falar da nossa angústia e do ar que faltou: sobre a água: sobre o fim: sobre histórias tristes: sobre seu sorriso: sobre pequenas felicidades: sobre o cigarro: não ele me arde o peito, vou falar sobre: sobre o éter, o cloro o cloreto de sódio: sobre os números, ano de: 1989: 1939: 2010: século XXI: sobre o engano: desculpa: sobre o MEU amor de plástico: eu assumo: sobre a dificuldade: para falar do que explode: para falar do meu amor: sobre eu precisar chorar: agora: ontem: hoje: sobre: sobre relógios e horas: sobre não saber: está marcado: sobre termos desmarcado: para falar da agenda: da casa: sobre a maneira de chegar: aproximar: tocar: sobre o susto: para falar do metrô: sobre o supermercado: para falar de troca: para falar do medo, insuportável: para falar de nós dois, nós 4 se preferir: não tem problema: sobre a paciência: a impaciência: a quantidade: são muitas: sobre as informações: os livros e os cadernos: sobre o que perdi: sobre você ter perdido: sobre estar: junto: sobre o mesmo espaço: para falar do não lugar: sobre voltar: para falar de ir embora: sobre ficar: sobre se aproximar: para falar de se distanciar: para falar no depois: e doq ue veio antes: sobre a memória:

por agora

Dor no peito, é inevitável fugir disso agora, nesse momento. Agora é quando não dá mais pra dar desculpas, tentar sair de fininho, pela porta dos fundos, nem se fazer de arrependido e pedir desculpas como se fosse curar tudo. Agora é a hora que o corpo dói mesmo, dói tudo, é impressionante, né!? Como dá pra sentir tudo isso que tá aqui, no papel, escrito na minha frente, diante dos meus olhos, como salta deles e passa pelo corpo. Eu sinto, em mim, tudo isso que tá sendo falado, em cada palavra, cada associação de gestos, cada indicação de cada rubrica. Tem alguma coisa que me prende em você e é impossível sair. Eu, você, você e eu, tudo junto e misturado, em um movimento que vem de fora pra dentro e de dentro pra fora, é externo e interno. Me sinto frágil, cada vez mais, insegura. É inevitável. Me sinto impotente e nisso sinto uma enorme potência, que ultrapassa até minha consciência, por isso o medo do abismo no qual agora me vejo. Parece que não cabe sabe. Talvez por isso a necessidade de saber logo que vou ter com quem dividir isso tudo. Mas como, como tirar pedaços disso que agora se faz tão meu. Ai que vontade de chorar uma angústia sem tamanho, que me lembra até da falta de ar que sentimos, aquela. Mas agora é hora de ficar sozinha, preciso me lembrar disso, preciso lembrar disso meu amor. Eu sei. Vou me agarrar em outras mentiras, outros simulacros, me misturar entre vídeos, músicas, textos, estudos que não me pertencem e fazer disso meu, nesse meu novo velho ser e estar. Ter que dar conta. São tantos arremedos que me confundo, crio uma guerra e depois preciso arrumar meu jeito de sair dela. Espero que entendam e tenham paciência. Vou estar com vocês em breve, aguardo ansiosamente esse momento.