sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Breve conquista de um amor talhado
Tantos encontros marcados e remarcados na agenda, tantos todos que não foram riscados e ali estão como mais uma marca de um primeiro encontro de tantos amores talhados e retalalhados em tantos outros. Quando eu te encontrei pela segunda vez nos apresentamos e eu te falei meu nome. Você falou oi, prazer em te conhecer, foi difícil chegar até aqui. Em um novo encontro nos apresentamos novamente. Você falou seu nome e eu disse oi, com uma vontade louca de fugir com você que me consumia como o tempo que passava e nos levava embora aos poucos. eu pedi pra que você não contasse para ninguém, logo eu! Que sempre fui tão independente nas minhas fugas. Talvez quisesse te levar por medo de não saber que você ainda lembraria de mim se eu fugisse sem você. Você apoiou minha vontade. Você me apoiou como se minha vontade fosse uma grande conquista sua. Talvez por não querer que você me apoie e sim queira também assim, tanto quanto eu, parti. Com o seu apoio. Um novo encontro na agenda. Está marcado. Eu estarei vestida de azul em frente ao endereço que você já sabe. Ou talvez não. Eu vou estar lá e novamente não irei riscá-lo se você não aparecer. Tenho certeza que vamos nos encontrar um dia, novamente. No Japão. Em um café no fim da tarde. Me proponha um amor talhado. Deixe que o tempo nos leve e que um dia a gente lembre daquele primeiro encontro, marcado por tantos escritos e manuscritos e uma memória que resistiu a tantas dores e amores. Só não me deixe riscá-lo da minha agenda, isso vai doer uma dor que só eu vou sentir, eu sei que vai, mas sei também o quanto é difícil evitar a dor de um retalho. Sejamos honestos e solidários ao tempo e aos desejos para observar uma nova breve conquista de um amor talhado.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
eu chorei porque...
eu chorei porque apesar de você estar de manhã do meu lado era difícil te tocar, porque quando eu cheguei em casa o gato tinha derrubado o copo de vidro cheio de água dentro e você não enxugou e nem catou os cacos, porque a planta tinha morrido, porque o livro de cabeceira estava na gaveta, porque tinha pó dentro do armário, porque as crianças estavam com as blusas ao contrário, porque liguei pro telefone errado pra te avisar que precisava tirar o café da geladeira, porque quando falei com você no telefone não falei o que tinha que falar, porque marquei um encontro sábado e apareci domingo, porque passei a sombra na boca, porque acendi o cigarro ao contrário, porque coloquei açucar no seu café e tinha que colocar adoçante, porque você já tinha me avisado, mas eu esqueci, porque lembrei que Hitler tinha governado na primeira guerra mundial, porque ao invés de enxugar suas lágrimas fiz você chorar um pouco mais, porque tinha que pagar 15 reais e só tinha 50, porque comprei nossos ingressos adiantados e perdi, porque quando você queria lembrar qual era o seu cheiro eu esqueci, porque queria cantar uma música pra você e só me vinha na cabeça a que ouvi no rádio antes de chegar em casa, porque eu pintei, ai, meu deus, eu pintem, pintei sim, a parede errada, e ainda por cima pintei de rosa e esqueci que era a cor que você menos gosta. Porque escrevi uma carta pra São Paulo e mandei pro Japão. Porque eu te contei um segredo que não era pra te contar. Porque enchi balões de todas as cores, fiz um bolo e acendi uma vela no dia do seu aniversário, mas era o dia errado. Porque corri pra te beijar mas só te abracei. Porque na hora de ir pra casa fui parar na sua casa. Porque eu queria tanto te elogiar, tanto ,mas tanto que eu falei que seu corte de cabelo estava um pouco torto. Porque cheguei em casa e te disse bom dia!? Porque eu estou tentando. Eu estou tentando...sim, acertar sem ter que colocar as coisas no lugar.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
aos 80 anos.
foi amor a primeira vista, não sei se nas mãos, nos cabelos, nos olhos. Não sei onde tava aquela memória que me puxava pra você feito criança na entrada de uma loja de doces. As mãos enrugaram, os cabelos cairam, os olhos diminuiram e você foi embora. Foram todos embora depois daquela noite e eu fiquei. Eu e suas marcas (aquelas de um sábado as 19hs) misturadas nas minhas. modificadas. transformadas e amadas no suor dividido, nos sorrisos trocados, nas lágrimas enxugadas e na memória que você construiu pra mim e me deu com tanto amor de presente. Talvez o melhor e o mais bonito de todos.
domingo, 27 de setembro de 2009
nosso casamento me violenta porque...
porque eu te amo mesmo com tudo. porque eu não te vejo do outro lado da porta. porque sobro nos encontros que marco com você. porque tudo parte de mim. porque cansa. porque me bloqueia. Porque perto de você eu esqueço o meu cheiro. Porque perto de você eu esqueço meu tamanho. Esqueço os amores mais antigos, esqueço de me alimentar bem, esqueço de dormir, esqueço de tomar meu remédio e de ler meu livro. Porque perto de você eu lembro o quanto você é alto. Lembro de todos os seus amores mais antigos, lembro de te convidar pra jantar, de te colocar pra dormir, de dar o seu remédio e de ouvir você lendo seu livro pra mim. porque chorar na sua frente é fácil e eu me sinto confortável. porque me dói ver você chorando. Porque me dá vontade de te abraçar o tempo que você precisar. porque eu fico refém e porque ficar refém me liberta. porque eu nem sei se isso importa.
eu sobrei porque...
Porque não tinha com quem dividir. Ela olhou no buraco da fechadura mas não encontrou ninguém. Então saiu correndo porta afora e foi escorrendo pela rua. A procura de alguém que pudesse suprir, porque um buraco tinha acabado de se abrir naquele momento. Continuou escorrendo até que foi interrompida pelos sons incompreencíveis das ruas. Porque estava tão frágil que até o mais doce som que fosse estranho poderia cortar. Então sobrou um pouco mais no silêncio. lamentou e sobrou no lamento. Colocou o fone de ouvido e ligou uma música na esperança de se dividir em alguma melodia. Então voltou a escorrer. Porque a música parecia perfeita para o momento. Porque era quase inacreditável. Ela não desistiu e continuou procurando até que o encontrou. Suspirou e sobrou no suspiro, depois ela sobrou na decepção. Porque talvez fosse deselegante dividir suas sobras naquele momento.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
quando eu tiver 80 anos...
quando eu tiver 80 anos minha unha vai ser bem curta como unha de criança, como era quando eu tinha 3 anos. Meu rosto...meu rosto...meu rosto...vai ser manchado, com manchas lindas. Meu pescoço vai ser muito enrugado. Muito mesmo. Minha boca vai ser mais clara e mais bonita. Meus olhos serão pequenos e um pouco caidos. Talvez meu nariz pareça um pouco grande e desproporcional ao resto. Ao resto. A tudo que fica. Ai, eu vou ser sim, vou ser um pouco corcunda e ter uma barriga de grávida. Que ficou. Braços e pernas fragéis mas fortes ao mesmo tempo. Resistindo. os pés é que....é que não vão sustentar tudo que precisam. A bunda vai ter diminuido assim como os peitos. Tenho certeza.
domingo, 20 de setembro de 2009
talvez exista um momento de reconhecimento.
talvez exista um momento de reconhecimento.
a gente nasce e já aprende o que é o amor. nossos pais fazem questão de ensinar. depois é um aprendizado sem fim e aos poucos vamos evoluindo nesse processo louco de aprendizado e amadurecimento. aprendemos o que é o respeito, o que é o desejo, o que é a consideração. depois o que é a solidão, o que é a autonomia, o que é uma escolha. o que é(!?).
o sentido!? o sentido a gente aprende quando reconhece. quando reconhece aonde tá o amor, quando reconhece aonde tá o respeito, quando reconhece aonde tá o desejo, aonde tá a solidão, aonde tá a escolha da profissão, a escolha do estilo, a escolha do movimento, a escolha da noite de sábado, a escolha do livro da semana, do mês, do ano, da companhia pro café, do filme alugado, da música selecionada, reconhecemos que estamos aprendendo(ainda e talvez sempre)
ai a gente reconhece a nossa maturidade e a falta de. percebe porque naquele mês e na naquele dia não deu. teve que se romper. não havia reconhecimento e talvez seja ele que ajude a se perpetuar.
gosto de reconhecer isso em você.
não que seja fácil reconhecer. talvez seja difícil. tem gente que chega aos 60 e não reconhece. normal.
a evolução é um processo que o reconhecimento não controla.
e assim se dá.
talvez.
a gente nasce e já aprende o que é o amor. nossos pais fazem questão de ensinar. depois é um aprendizado sem fim e aos poucos vamos evoluindo nesse processo louco de aprendizado e amadurecimento. aprendemos o que é o respeito, o que é o desejo, o que é a consideração. depois o que é a solidão, o que é a autonomia, o que é uma escolha. o que é(!?).
o sentido!? o sentido a gente aprende quando reconhece. quando reconhece aonde tá o amor, quando reconhece aonde tá o respeito, quando reconhece aonde tá o desejo, aonde tá a solidão, aonde tá a escolha da profissão, a escolha do estilo, a escolha do movimento, a escolha da noite de sábado, a escolha do livro da semana, do mês, do ano, da companhia pro café, do filme alugado, da música selecionada, reconhecemos que estamos aprendendo(ainda e talvez sempre)
ai a gente reconhece a nossa maturidade e a falta de. percebe porque naquele mês e na naquele dia não deu. teve que se romper. não havia reconhecimento e talvez seja ele que ajude a se perpetuar.
gosto de reconhecer isso em você.
não que seja fácil reconhecer. talvez seja difícil. tem gente que chega aos 60 e não reconhece. normal.
a evolução é um processo que o reconhecimento não controla.
e assim se dá.
talvez.
eu sou bonito e/ou eu sou feio porque...
porque...
porque...
porque...
porque eu tenho uma mancha. uma mancha na mão, rosa, que todo mundo pensa que é queimadura
porque eu tenho duas pintas na bunda. uma maior e outra menor e as duas são pretas
porque eu tenho duas verrugas na orelha
porque meu olho é menor do que devia ser
porque minha mão é mais fina do que devia ser
porque meus pés são mais finos do que deviam ser
porque eu sou pequena de mais
e isso não faz o menor sentido.
porque...
porque...
porque eu tenho uma mancha. uma mancha na mão, rosa, que todo mundo pensa que é queimadura
porque eu tenho duas pintas na bunda. uma maior e outra menor e as duas são pretas
porque eu tenho duas verrugas na orelha
porque meu olho é menor do que devia ser
porque minha mão é mais fina do que devia ser
porque meus pés são mais finos do que deviam ser
porque eu sou pequena de mais
e isso não faz o menor sentido.
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